História / Heráldica

Breve história da Lourinhã

As primeiras marcas da história de Lourinhã datam de muitos milhões de anos e tornaram-na uma das áreas mais ricas de fósseis de dinossauros do Jurássico Superior em todo o mundo, o que lhe valeu o título de “Capital dos dinossauros”. Nesta região foram encontradas inúmeras ossadas e jazidas de ovos de dinossauro completas, únicas no mundo.

Depois da extinção dos dinossauros, com uma situação privilegiada junto ao mar, clima ameno, atravessada por um rio navegável até ao início do séc. XX, a Lourinhã era rica em florestas, caça e terrenos férteis.
Possuía, e ainda possui, um habitat perfeito como nos comprovam os vestígios da presença humana com milhares de anos do Paleolítico (vários vestígios de superfície ao longo da costa), o Mesolítico, o Neolítico (grutas do planalto da Cesareda e Cova da Moura em Ribamar) e pelo Calcolítico (o Tholos de Paimogo).

Em 220 a.C., chegam os romanos, cuja acção civilizadora alterou definitivamente o modo de vida das populações. Segundo alguns especialistas, o topónimo de Lourinhã, teria tido origem numa vila romana – “Laurinianum”, existente nas proximidades. Para outros o nome da Lourinhã poderia derivar da palavra latina “Laurius – Laurii”, que significa loureiro ou terra onde existem loureiros, árvore abundante na região.
Após os romanos vieram os povos germânicos (vândalos, alanos, suevos e visigodos), tendo estes últimos submetido toda a Península Ibérica ao seu domínio, no ano de 585 e procedido à sua cristianização após a conversão de Recaredo (rei dos Visigodos de Espanha – 586 a 601 d.c.), ao Cristianismo. Em 711, dá-se a invasão árabe e em pouco tempo, os árabes conquistam toda a Península Ibérica, à excepção das montanhas das Astúrias, a partir das quais, os cristãos, aí refugiados, iniciam o movimento da Reconquista Cristã.
É neste contexto que surgem os reinos cristãos da península, entre os quais Portugal (século XII), após vários séculos de luta contra os muçulmanos.

Na sequência da ajuda prestada pelos cruzados na conquista da cidade de Lisboa aos mouros, em 1147, D. Afonso Henriques doa o senhorio da Lourinhã a D. Jordão, cavaleiro franco. Este, com autorização do rei, concede aos moradores da Lourinhã uma uma carta de foral, provavelmente em 1160 (o documento original perdeu-se). O foral foi depois confirmado por D. Afonso II, em 1218 e por D. Afonso III, em 1251. Com a reforma dos forais ordenada por D. Manuel I, a Lourinhã recebe um novo foral datado de 1 de Junho de 1512.
O senhorio da Lourinhã manteve-se, durante a 1ª dinastia, na linha de sucessão de D. Jordão, 1º donatário da Lourinhã, até que o último dos seus descendentes, Gonçalo Vasques de Azevedo, vê-se desapossado de todos os seus bens e senhorios por ter tomado o partido de Castela, na crise política de 1383-85. Pelos serviços prestados ao Mestre de Aviz na referida crise, D. Lourenço Vicente arcebispo de Braga e natural da Lourinhã, recebe o senhorio da vila a 10 de Outubro e 1384, o mesmo acontecendo com o Dr. João das Regras (carta emitida por D. João I), a 29 de Maio de 1396.

Apesar da origem do seu nome, “Lourinhã”, ser muito anterior à nacionalidade, a história desta freguesia é muito a história do município até meados do séc. XVI, pois até essa época a paróquia abrangia a vila e todo o concelho, pelo que não se pode falar da Lourinhã enquanto freguesia actual. Nem é fácil falar da sua história, pois o motim de 6 de Janeiro 1868, levou à destruição do arquivo da Câmara Municipal (incendiado a título de revolta), o que resultou no desaparecimento de todos os documentos históricos aí arquivados, inclusive os próprios forais.
A sede da paróquia era na igreja matriz, edificada entre os muros do Castelo, a qual foi, posteriormente, substituída pela actual “Igreja do Castelo”, em meados do séc. XIV. Em relação à freguesia, desde de 1555, tem sido subdividida, ao longo dos tempos e ao sabor das políticas, pelas outras freguesias: Miragaia, MarteleiraVimeiro (1555), Santa Bárbara (1956) e Atalaia (1985). MoledoS. BartolomeuMoita dos Ferreiros e Reguengo Grande que até 1863 pertenciam ao concelho de Óbidos.

No plano económico, com uma actividade muito centralizada no sector primário, teve a sua primeira feira, provavelmente, na época medieval. Muito mais antigas serão as raízes das suas festividades, muitas delas com origem anterior à fé cristã, ligadas a cerimónias pagãs de fertilidade, que marcavam o ciclo dos trabalhos e de carácter religioso, como o culto aos mortos, como é comum, de resto, a todos os universos.
No que respeita a património arquitectónico, para além da igreja do castelo, não existia nada de relevante até á época de ouro dos descobrimentos.

Lourinhã dos séculos XV e XVI, onde, segundo o censo de 1527,  já existiam a maior parte das povoações, vai dar passos importantes, como, de resto, todo o país. Após a governação espanhola entramos num período muito conturbado, marcado pelas invasões francesasepidemiasguerras de poder e motins. Estes factores levarão à queda da monarquiaimplantação da república consequente formação de um bloco republicano, em 1919, defensor dos interesses da Lourinhã, para mais tarde, com o golpe militar de 28 de Maio de 1926, ser implementado em Portugal o antigo regime, uma ditadura que perdurou até 1974.
A excepção para este período dá-se com a geração de 70, altura em que surge uma comissão (1875) que será a grande impulsionadora da modernização da Lourinhã.

Contudo, o crescimento dos últimos anos deve-se muito às transformações sócio-económicas do pós-25 de Abril, o movimento associativo e a adesão do país à União Europeia em 1986. Numa conjuntura favorável, entrámos, em 92, na rota das regiões demarcadas de aguardente e com o pé direito no séc. XXI.
A Lourinhã é oficialmente considerada capital dos dinossauros portuguesa, em 2004, estando projectado um Parque temático.

Em 2013, de acordo com Lei n.º 11-A/2013, dá-se a agregação das Freguesias de Lourinhã e Atalaia passando a designar-se União de Freguesias de Lourinhã e Atalaia.

 Atalaia era uma das mais recentes Freguesias do Concelho da Lourinhã e distrito de Lisboa, sendo o seu território destacado da Freguesia de Lourinhã em 1985, por vontade expressa da sua população. O topónimo “Atalaia” deriva do árabe “at-talaiya“, significando “torre de vigia”, que pode referir-se a uma construção ou a um local elevado que permitia uma boa vigilância.

 Embora de instituição bastante recente, o povoamento do território da Freguesia pode considerar-se remoto. A Proximidade de Lourinhã, com os seus vestígios pré-históricos, serve-lhe de prova, assim como o seu topónimo, que parece indicar a existência de alguma atalaia dos lusitanos, ou seja, um posto de vigia que assegurava o sistema de defesa das suas populações; porém se esta construção existiu, já dela não restam vestígios, levantando-se por isso a questão acerca do topónimo que, como foi referido anteriormente, poderia ter sido apenas um ponto de vigia, num local elevado.

Apesar da Freguesia da Atalaia ser essencialmente agrícola, os seus habitantes não descuram o mar, sendo muitos deles pescadores e mareantes, razão pela qual escolheram Nossa Senhora da Guia para sua patrona.

 
 

Heráldica

Lourinhã

 
 
Ordenação heráldica do brasão e bandeira publicada no Diário da República III Série de 30/01/2003:
Armas – Escudo de vermelho, dois ramos de loureiro de prata frutados de ouro, com os pés passados em aspa, entre uma vieira em chefe e duas flores-de-lis nos flancos, tudo de ouro e campanha ondeada de prata e verde de cinco tiras.
Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda em maiúsculas a negro:“FREGUESIA DE LOURINHÓ.
 
SIMBOLOGIA

Os dois ramos de loureiro – Simbolizam as duas comunidades: a autóctone e a franca, existentes a quando da criação da freguesia; o loureiro era a árvore nativa mais abundante na região, sendo já representado nos mais antigos brasões da vila.
A vieira – É o símbolo dos peregrinos de Santiago e a sua representação é a evocação da passagem daqueles pela freguesia, nomeadamente pela Igreja de Santa Maria da Lourinhã.
As flores-de-lis – Fazem parte da heráldica de D. Jordão, o primeiro donatário da Lourinhã, e a sua inclusão é a memória desse facto.
O ondeado – Representa o mar, que banha a freguesia e foi desde sempre um dos factores do seu desenvolvimento.
Bandeira – De amarelo. Cordão e borlas de ouro e vermelho. Haste e lança de ouro.

Bandeira Estandarte

 

                           
 

 Atalaia

Ordenação heráldica do brasão e bandeira publicada no Diário da República III Série de 30/01/2003:
Armas: Escudo de prata, galeão de negro realçado de ouro, com mastreação de negro, destroçado e vestido de vermelho, com os panos rasgados, vogando sobre campanha diminuta de três burelas ondada de verde e prata, esta carregada de dois peixes de vermelho; em chefe duas armações de moinho de negro, cordoados do mesmo e vestidas de azul.Coroa mural de prata de três torres.Listel branco, com a legenda a negro: “ATALAIA – LOURINHÔ.Bandeira: Azul. Cordão e borlas de prata e azul. Haste e lança de ouro.Selo: Nos termos da Lei, com a legenda: “Junta de Freguesia de Atalaia – Lourinhã”.

SIMBOLOGIA

Armações de Moinho: Representam os moinhos enquanto construções de interesse turístico, sendo também símbolo da agricultura e da moagem de cereais, apesar de actualmente a moagem ser praticamente industrial.Burelas e peixes: Representam o Oceano Atlântico e as actividades associadas, como é o caso da pesca e do turismo.Galeão: Representa um dos mais importantes acontecimentos históricos na área da Freguesia: o naufrágio do Galeão S. Nicolau.Parecer favorável da Associação dos Arqueólogos Portugueses a 3 de Outubro de 2001.Registado na Direcção Geral das Autarquias Locais com o n.º 428/2001, de 19 de Dezembro.Publicado em Diário da República nº 283 III Série de 7 de Dezembro.

 

Bandeira
Estandarte

 

 

Descarregar brasão:

Brasões da União das Freguesias de Lourinhã e Atalaia

Brasões da União das Freguesias de Lourinhã e Atalaia (letras a branco)